A administração pública no Brasil tem passado por transformações significativas nas últimas décadas, com o objetivo de melhorar a eficiência, transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos.
Um dos principais motores dessas mudanças tem sido a adoção de princípios e práticas da governança corporativa, tradicionalmente aplicados no setor privado. Esses princípios têm se mostrado fundamentais para a modernização da administração pública, permitindo uma gestão mais eficaz e voltada para resultados.
Neste artigo que preparamos abaixo, exploramos como a governança corporativa se conecta à administração pública, suas diferenças em relação à gestão pública, e como esses princípios estão sendo aplicados no setor público para enfrentar os desafios contemporâneos.
O que é Governança na Gestão Pública?
A governança na gestão pública refere-se ao conjunto de processos, costumes, políticas e leis que regulam a maneira como as decisões são tomadas e implementadas no setor público.
Diferentemente do setor privado, onde o foco está na maximização do valor para os acionistas, a governança na administração pública busca equilibrar os interesses dos diversos stakeholders, incluindo cidadãos, governos, ONGs, e o setor privado.
A boa governança na gestão pública é importante para assegurar que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficiente e que as políticas públicas sejam implementadas de maneira justa e transparente.
A governança na administração pública envolve a criação de mecanismos de controle e monitoramento que garantem a conformidade com as leis e regulamentos, além de assegurar a prestação de contas aos cidadãos.
Esses mecanismos são essenciais para prevenir a corrupção, garantir a transparência e aumentar a confiança da população nos governos. A governança também implica em uma gestão participativa, onde os cidadãos têm voz nas decisões que afetam suas vidas, promovendo assim um ambiente democrático e inclusivo.
Além disso, a governança na administração pública está profundamente ligada ao conceito de sustentabilidade. As decisões e políticas devem ser pensadas de forma a garantir o bem-estar das gerações futuras, o que envolve não apenas a gestão dos recursos financeiros, mas também a preservação ambiental e o desenvolvimento social.
A integração de práticas sustentáveis na governança pública é um desafio constante, mas essencial para o desenvolvimento equilibrado e duradouro.
Diferença entre governança e gestão na administração pública
Embora governança e gestão na administração pública sejam termos frequentemente utilizados de forma intercambiável, eles têm significados distintos e complementares. A governança refere-se ao “que” e ao “por que” das decisões públicas – trata das diretrizes, políticas e valores que norteiam a administração pública. É o arcabouço de regras e práticas que orientam a gestão dos recursos e a prestação de serviços à população.
Por outro lado, a gestão é o “como” – trata da implementação prática dessas políticas e diretrizes. A gestão pública envolve a execução das atividades cotidianas necessárias para atingir os objetivos estabelecidos pela governança. Isso inclui a administração dos recursos humanos, financeiros e materiais, a coordenação de programas e projetos, e a avaliação dos resultados alcançados.
Enquanto a governança estabelece as bases e princípios que guiam a administração pública, a gestão é responsável por transformar essas diretrizes em ações concretas. Uma boa governança sem uma gestão eficiente pode resultar em ineficácia e desperdício de recursos.
Da mesma forma, uma gestão eficaz sem uma governança sólida pode levar à falta de transparência e à má utilização dos recursos públicos. Portanto, ambos os conceitos devem trabalhar juntos para garantir uma administração pública que seja ao mesmo tempo eficiente e responsável.
Como os princípios de governança corporativa se aplicam à gestão pública?
Os princípios de governança corporativa que são amplamente utilizados no setor privado também têm relevância significativa na administração pública. Entre os principais princípios estão a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa. Estes princípios, quando aplicados à gestão pública, ajudam a criar um ambiente onde as decisões são tomadas de forma justa e responsável, com o objetivo de beneficiar a sociedade como um todo.
A transparência é fundamental para garantir que os cidadãos tenham acesso às informações sobre como os recursos públicos são geridos. Isso inclui a divulgação de relatórios financeiros, a comunicação clara das políticas públicas e a abertura de canais para que os cidadãos possam acompanhar e questionar as ações do governo. A transparência fortalece a confiança entre o governo e a população, essencial para uma governança eficaz.
Outro princípio importante é a prestação de contas, que implica em uma administração pública que responda por suas ações. Isso significa que os gestores públicos devem justificar suas decisões e ações aos cidadãos e às entidades de controle, e estar sujeitos a sanções em caso de má administração. A prestação de contas é essencial para garantir que os recursos públicos sejam utilizados de maneira eficiente e eficaz.
Por fim, a equidade assegura que todas as partes interessadas sejam tratadas de maneira justa e que suas necessidades e interesses sejam considerados nas decisões governamentais. Na administração pública, a equidade se manifesta na criação de políticas que visam reduzir as desigualdades sociais e promover a inclusão.
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Melhore a governança corporativa
A adoção dos princípios de governança corporativa na administração pública representa uma evolução necessária para enfrentar os desafios contemporâneos de forma mais eficaz e responsável.
Ao incorporar práticas de transparência, prestação de contas e equidade, os governos podem melhorar significativamente a gestão dos recursos públicos, aumentar a confiança da população e promover um desenvolvimento sustentável.
Se você deseja aprofundar ainda mais o seu conhecimento sobre como a governança pode ser aplicada de maneira inovadora na gestão pública, leia também o artigo “Como a geointeligência está mudando a estratégia de combate às arboviroses”.