Sintomas da dengue: guia completo para identificar a doença em cada estágio

Você acordou com febre alta, dores intensas pelo corpo e uma sensação de fraqueza profunda? Esses podem ser os primeiros sinais de dengue, uma doença viral que afeta milhões de brasileiros todos os anos e exige atenção imediata.

Reconhecer os sintomas da dengue precocemente não é apenas importante – pode ser decisivo para evitar complicações graves. A diferença entre um quadro leve que se resolve em casa e uma situação de risco que requer hospitalização muitas vezes está na capacidade de identificar os sinais de alarme no momento certo.

Neste guia detalhado, você vai aprender a reconhecer cada sintoma da dengue, entender como eles evoluem ao longo dos dias, diferenciar a dengue clássica de outras viroses e, principalmente, saber quando buscar atendimento médico urgente. Vamos além das listas genéricas e mergulhar nas nuances que fazem toda diferença na prática.

Como os sintomas da dengue se manifestam: entendendo o processo

Antes de listarmos os sintomas, é fundamental compreender como a doença se desenvolve no organismo. Isso ajuda a entender por que certos sinais aparecem em momentos específicos e o que esperar em cada fase.

Após a picada do mosquito Aedes aegypti infectado, o vírus da dengue entra na corrente sanguínea e começa a se multiplicar. Durante 3 a 15 dias (média de 5 a 6 dias), esse processo acontece silenciosamente – é o chamado período de incubação, quando você ainda não sente absolutamente nada.

Quando a carga viral atinge determinado nível, o sistema imunológico percebe a invasão e dispara uma resposta inflamatória intensa. É nesse momento que os sintomas começam, geralmente de forma abrupta e marcante.

As três fases da dengue e seus sintomas característicos

A dengue evolui tipicamente em três fases distintas, cada uma com manifestações específicas:

Fase febril (dias 1 a 3): caracterizada por febre alta, dores intensas e grande desconforto. É o momento mais sintomático da doença, quando o paciente se sente mais debilitado.

Fase crítica (dias 3 a 7): a febre começa a ceder, o que muitas pessoas interpretam erroneamente como melhora. Na verdade, é nesse período que casos graves podem se manifestar com sinais de alarme. Requer vigilância redobrada.

Fase de recuperação (após dia 7): melhora gradual dos sintomas, reabsorção de líquidos extravasados, normalização dos parâmetros laboratoriais. A energia retorna progressivamente, embora fadiga possa persistir por semanas.

Compreender essas fases ajuda a não baixar a guarda prematuramente. O ditado “a dengue melhora quando piora” refere-se exatamente à fase crítica, quando a febre cede mas o risco aumenta.

Febre alta: o sintoma mais característico da dengue

A febre da dengue tem particularidades que ajudam a diferenciá-la de outras infecções. Vamos explorar essas características em detalhes.

Padrão e intensidade da febre

A febre da dengue é tipicamente alta desde o início, atingindo 39°C a 40°C ou mais. Diferente de viroses comuns que começam com febre baixa e aumentam gradualmente, a dengue costuma surpreender com picos febris logo nos primeiros sintomas.

Outro aspecto importante é a instalação abrupta. Muitos pacientes relatam estar completamente bem pela manhã e apresentar febre alta no período da tarde. Essa rapidez de instalação é uma pista diagnóstica valiosa.

A febre persiste geralmente por 2 a 7 dias, com média de 3 a 5 dias na maioria dos casos. Durante esse período, ela pode oscilar ao longo do dia mas mantém-se elevada.

É comum observar um padrão chamado “curva bifásica” em alguns pacientes: a febre cede por 24 horas e depois retorna por mais um ou dois dias antes de cessar definitivamente. Esse padrão, quando presente, é muito sugestivo de dengue.

Sintomas associados à febre

A febre da dengue raramente vem sozinha. Ela geralmente é acompanhada por:

Calafrios e sensação de frio intenso, mesmo quando a temperatura corporal está elevada. Os pacientes se cobrem com cobertas pesadas enquanto estão febris.

Sudorese profusa quando a febre cede ou com o uso de antitérmicos. Troca de roupas e lençóis pode ser necessária várias vezes ao dia.

Prostração desproporcional à temperatura. Mesmo com febre de 38,5°C, o paciente pode sentir-se extremamente debilitado, diferente de outras viroses onde febres similares causam menos impacto funcional.

Quando a ausência de febre não exclui dengue

Embora a febre seja o sintoma mais comum, existem formas oligossintomáticas da dengue onde a febre pode ser baixa, intermitente ou até ausente, especialmente em:

Crianças pequenas, que podem apresentar quadros atípicos com febre baixa mas outros sintomas presentes.

Reinfecções por sorotipos diferentes, onde a resposta imunológica pode modificar o padrão clássico.

Fases finais da doença, quando a febre já cedeu mas outros sintomas ainda estão presentes.

Por isso, se você apresenta os demais sintomas característicos (dores intensas, manchas na pele, prostração) mesmo sem febre alta, não descarte a possibilidade de dengue, especialmente se houver transmissão ativa na sua região. Para saber os níveis de risco em tempo real, ferramentas como o programa Techdengue (techdengue.com) oferecem monitoramento preciso da circulação viral por bairro.

Dores corporais intensas: o “quebra-ossos” da dengue

Se existe um sintoma que define a experiência de ter dengue, são as dores corporais extraordinariamente intensas que deram à doença o apelido popular de “quebra-ossos”. Vamos detalhar essas manifestações dolorosas.

Dor muscular (mialgia) profunda e generalizada

A mialgia da dengue tem características muito particulares:

Intensidade desproporcional: pacientes frequentemente relatam que as dores musculares da dengue são as piores que já experimentaram. É uma dor que literalmente imobiliza.

Localização preferencial na região lombar (parte baixa das costas), coxas e panturrilhas. Muitos descrevem como uma sensação de ter feito exercícios físicos extremamente intensos.

Piora com movimentos: levantar-se da cama, caminhar ou até mesmo mudar de posição pode ser extremamente doloroso.

Não responde completamente aos analgésicos comuns: enquanto paracetamol ou dipirona podem proporcionar algum alívio, raramente eliminam totalmente o desconforto.

A sensação é de dor profunda, como se viesse de dentro dos músculos, diferente de dores superficiais de contusões ou cãibras.

Dor articular (artralgia) que limita movimentos

As articulações também sofrem na dengue, com manifestações que incluem:

Dor nas articulações maiores: joelhos, tornozelos, cotovelos e ombros são particularmente afetados.

Rigidez articular: sensação de articulações “travadas”, especialmente pela manhã ou após períodos de repouso.

Limitação funcional: dificuldade para segurar objetos, subir escadas, levantar os braços ou realizar movimentos que normalmente são automáticos.

Em alguns pacientes, especialmente em reinfecções ou em casos de dengue causada por certos sorotipos, as artralgias podem ser tão intensas que lembram quadros reumáticos.

Dor de cabeça frontal e retroorbital

A cefaleia da dengue é outro sintoma marcante:

Dor frontal intensa: concentrada na testa, podendo irradiar para as têmporas.

Dor retroorbital: sensação de dor atrás dos olhos, frequentemente descrita como “pressão” ou sensação de que “os olhos vão saltar para fora”.

Piora com movimento ocular: ler, assistir TV ou movimentar os olhos pode intensificar o desconforto.

Fotofobia: sensibilidade aumentada à luz, fazendo com que ambientes iluminados sejam desconfortáveis.

Alguns pacientes também relatam dor ao pressionar a região orbital, um sinal que médicos às vezes verificam durante o exame físico como pista diagnóstica.

Por que essas dores são tão intensas na dengue

A explicação está na resposta imunológica. Quando o sistema imune detecta o vírus, libera substâncias inflamatórias (citocinas) em grande quantidade. Essas moléculas causam:

Inflamação sistêmica que afeta músculos, articulações e tecidos em geral.

Aumento da sensibilidade à dor (hiperalgesia) mediado por essas substâncias inflamatórias.

Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular que contribuem para edema tecidual e compressão de terminações nervosas.

É esse processo inflamatório intenso e generalizado que explica por que as dores da dengue são desproporcionais à gravidade objetiva da infecção viral.

Prostração e fraqueza extrema: quando o corpo pede descanso

Um dos sintomas mais impactantes mas frequentemente subestimados da dengue é a astenia profunda – aquela sensação de fraqueza e cansaço extremos que vai muito além da fadiga comum.

Como se manifesta a prostração na dengue

Pacientes descrevem a prostração da dengue de várias formas reveladoras:

“Não consigo levantar da cama nem para ir ao banheiro” – atividades básicas tornam-se desafiadoras.

“Sinto que não tenho força nem para segurar um copo” – a fraqueza muscular é real e mensurável.

“Fico exausto só de tomar banho” – tarefas simples consomem toda a energia disponível.

A prostração da dengue é desproporcional à febre. Mesmo quando a temperatura não está tão alta, a fraqueza permanece intensa. Isso diferencia a dengue de outras viroses febris.

Impacto na rotina e necessidade de repouso

Essa astenia severa tem implicações práticas importantes:

Impossibilidade de trabalhar ou estudar: a grande maioria dos pacientes fica completamente incapacitada para atividades produtivas durante a fase aguda.

Dependência para cuidados básicos: casos mais graves podem precisar de ajuda até para alimentação e higiene pessoal.

Necessidade de repouso absoluto: tentar “vencer” a fraqueza e manter atividades não apenas é difícil como pode ser prejudicial.

O corpo está travando uma batalha imunológica intensa e precisa direcionar toda energia para esse combate. Respeitar essa necessidade de repouso é parte fundamental da recuperação.

Fadiga prolongada na fase de convalescença

Mesmo após a fase aguda da dengue, a fraqueza pode persistir:

Astenia pós-viral: fadiga que dura de 2 a 6 semanas após o fim dos sintomas agudos é extremamente comum.

Intolerância a esforços: retomar atividades físicas ou rotinas extenuantes pode ser desafiador nas primeiras semanas.

Impacto na qualidade de vida: muitos pacientes relatam que a fadiga prolongada é um dos aspectos mais frustrantes da dengue.

Essa recuperação gradual precisa ser respeitada. Retorno progressivo às atividades, alimentação nutritiva, sono adequado e paciência são fundamentais para recuperação completa.

Manifestações cutâneas: manchas vermelhas e coceira

As alterações na pele são sintomas importantes da dengue e podem fornecer pistas valiosas sobre o estágio da doença.

O exantema característico da dengue

As manchas vermelhas da dengue têm padrão típico:

Momento de aparecimento: surgem geralmente entre o 3º e 5º dia de doença, frequentemente quando a febre começa a ceder.

Aspecto: manchas avermelhadas (eritematosas) ligeiramente elevadas, dando aspecto maculopapular.

Distribuição: começam no tronco e se espalham para membros superiores, inferiores e eventualmente face.

“Ilhas de pele sã”: característica marcante onde permanecem pequenas áreas de pele normal no meio das manchas, criando um aspecto peculiar.

Evolução: as manchas persistem por alguns dias e depois desaparecem gradualmente, podendo deixar descamação fina da pele.

Prurido: a coceira que acompanha as manchas

Sim, dengue pode dar coceira, e essa coceira está relacionada ao exantema:

Intensidade variável: alguns pacientes têm coceira leve e tolerável, enquanto outros apresentam prurido intenso e incômodo.

Localização: geralmente acompanha as áreas onde as manchas são mais evidentes.

Cuidados importantes: evite coçar vigorosamente. Na dengue há risco de manifestações hemorrágicas, e traumas na pele podem provocar sangramentos.

Alívio: compressas frias podem ajudar. Se a coceira for muito intensa, converse com seu médico sobre anti-histamínicos seguros.

O prurido geralmente melhora à medida que o exantema desaparece, seguindo a evolução natural da doença.

Outras manifestações cutâneas possíveis

Além do exantema clássico, a pele pode mostrar outros sinais:

Petéquias: pequenos pontos avermelhados que não desaparecem à pressão, indicando pequenos sangramentos capilares. Sua presença requer atenção, pois pode sinalizar formas mais graves.

Equimoses: manchas arroxeadas maiores (hematomas) que aparecem espontaneamente ou após traumas mínimos.

Prova do laço positiva: quando o médico aplica pressão moderada no braço com um manguito, o aparecimento de múltiplas petéquias sugere fragilidade capilar característica da dengue.

Essas manifestações hemorrágicas cutâneas, quando presentes, devem motivar avaliação médica cuidadosa e acompanhamento mais próximo.

Sintomas gastrointestinais na dengue

O sistema digestivo também é afetado pela dengue, com manifestações que variam de leves a intensas:

Náuseas e vômitos

Náuseas persistentes são extremamente comuns na dengue, afetando a maioria dos pacientes em algum grau:

Início precoce: podem aparecer junto com a febre e outros sintomas iniciais.

Impacto na alimentação: dificuldade para se alimentar adequadamente devido ao enjoo constante.

Vômitos: quando presentes, podem dificultar a hidratação oral – um dos pilares do tratamento.

Sinal de alarme: vômitos persistentes que impedem completamente a ingestão de líquidos são um sinal de alarme que requer avaliação médica imediata.

Dor abdominal: quando se torna preocupante

Desconforto abdominal leve é relativamente comum na dengue, mas dor abdominal intensa é diferente:

Dor leve: sensação de “estômago embrulhado”, desconforto vago no abdômen superior é comum e geralmente não preocupa.

Dor intensa e persistente: dor forte, contínua, que não melhora, localizada frequentemente no hipocôndrio direito (abaixo das costelas do lado direito) é um sinal de alarme crítico.

Essa dor abdominal intensa pode indicar:

Extravasamento de plasma: acúmulo de líquido na cavidade abdominal (ascite).

Hepatomegalia dolorosa: aumento do fígado que causa desconforto intenso.

Sangramento intra-abdominal: em casos graves.

Se você ou alguém sob seus cuidados apresentar dor abdominal intensa durante a dengue, busque atendimento médico imediatamente. Este é um dos sinais de alarme mais importantes.

Alterações no apetite e paladar

Perda de apetite (anorexia) é praticamente universal na dengue:

Desinteresse completo por comida: até alimentos favoritos se tornam desinteressantes.

Alteração do paladar: muitos pacientes relatam gosto amargo ou metálico na boca.

Dificuldade de recuperar peso: alguns pacientes emagrecem significativamente durante a doença.

Apesar da falta de apetite, é importante manter hidratação adequada e, quando possível, alimentação leve e nutritiva para suportar a recuperação.

Sinais de alarme: sintomas que exigem atenção médica imediata

Esta é provavelmente a seção mais importante deste guia. Reconhecer sinais de alarme pode literalmente salvar vidas.

A maioria dos casos de dengue evolui sem complicações, mas aproximadamente 5% podem progredir para dengue grave. A janela para identificar essa progressão é estreita e crítica.

Os principais sinais de alarme

Memorize estes sinais e procure atendimento médico urgente se qualquer um aparecer:

Dor abdominal intensa e contínua: já mencionada, é um dos sinais mais importantes. Não é cólica que vai e volta – é dor forte e persistente.

Vômitos persistentes: quando o paciente não consegue reter nada, nem mesmo água, há risco de desidratação grave e impossibilidade de hidratação oral.

Acúmulo de líquidos evidenciado por:

  • Inchaço abdominal progressivo (ascite)
  • Dificuldade para respirar (derrame pleural)
  • Edema generalizado

Sangramento de mucosas:

  • Sangramento nasal que não para (epistaxe)
  • Sangramento gengival espontâneo
  • Sangramento ao escovar os dentes
  • Sangue na urina (hematúria)
  • Sangue nas fezes (melena ou enterorragia)
  • Sangramento vaginal fora do período menstrual

Alterações neurológicas:

  • Letargia (sonolência excessiva, dificuldade para despertar)
  • Irritabilidade extrema
  • Confusão mental
  • Convulsões

Hipotensão postural:

  • Tontura intensa ao levantar
  • Sensação de desmaio
  • Pressão arterial baixa

Hepatomegalia dolorosa: aumento do fígado palpável abaixo das costelas, doloroso à palpação.

Aumento do hematócrito com queda abrupta de plaquetas nos exames laboratoriais.

Quando esses sinais aparecem

A maioria dos sinais de alarme surge durante a fase crítica (dias 3 a 7), especialmente quando a febre cede. Esse é o momento de maior vigilância.

Muitas pessoas e até profissionais menos experientes interpretam erroneamente a queda da febre como melhora definitiva e relaxam a atenção. Erro fatal. A dengue pode melhorar aparentemente e depois piorar dramaticamente em questão de horas.

Por isso, o acompanhamento médico durante toda a evolução da doença é fundamental, com reavaliações periódicas mesmo quando os sintomas parecem melhorar.

O que fazer diante de sinais de alarme

Não hesite, não espere “ver como evolui”, não tente “aguentar mais um pouco”:

Procure atendimento médico imediato: serviço de emergência, pronto-socorro, UPA.

Comunique claramente: informe que tem diagnóstico ou suspeita de dengue e descreva os sinais de alarme presentes.

Leve exames anteriores: se houver hemogramas prévios, leve-os para comparação.

Não dirija sozinho: se estiver com hipotensão, tontura ou sangramento, peça ajuda para o transporte.

A dengue grave requer hospitalização, hidratação venosa intensiva, monitoramento rigoroso e, em alguns casos, suporte de terapia intensiva. O tratamento precoce reduz drasticamente a mortalidade.

Diferenciando dengue de outras doenças com sintomas similares

Os sintomas da dengue podem ser confundidos com outras viroses. Vamos explorar as diferenças:

Dengue vs. Gripe (Influenza)

Ambas causam febre e mal-estar, mas existem diferenças importantes:

Início dos sintomas:

  • Gripe: instalação em 1-2 dias
  • Dengue: início abrupto, muitas vezes em horas

Intensidade das dores:

  • Gripe: dores moderadas
  • Dengue: dores intensas, incapacitantes

Sintomas respiratórios:

  • Gripe: tosse, coriza, dor de garganta proeminentes
  • Dengue: geralmente ausentes ou muito leves

Manchas na pele:

  • Gripe: raras
  • Dengue: comuns (50% dos casos)

Duração:

  • Gripe: 7-10 dias
  • Dengue: fase aguda 5-7 dias, mas astenia pode persistir semanas

Dengue vs. Chikungunya

Ambas transmitidas pelo mesmo mosquito, mas com diferenças:

Dores articulares:

  • Chikungunya: extremamente intensas, persistentes, incapacitantes
  • Dengue: intensas mas geralmente menos focadas nas articulações

Inchaço articular:

  • Chikungunya: comum, articulações podem inchar visivelmente
  • Dengue: raro

Cronicidade:

  • Chikungunya: dores podem persistir meses ou anos
  • Dengue: recuperação geralmente completa

Dengue vs. Zika

Também transmitida pelo Aedes aegypti:

Intensidade geral:

  • Zika: geralmente mais leve
  • Dengue: sintomas mais intensos

Conjuntivite:

  • Zika: muito comum (vermelhidão nos olhos)
  • Dengue: rara

Coceira:

  • Zika: prurido intenso e proeminente
  • Dengue: coceira presente mas geralmente moderada

Riscos:

  • Zika: microcefalia em gestantes
  • Dengue: formas graves com sangramento e choque

O diagnóstico definitivo requer exames laboratoriais específicos, mas essas diferenças clínicas ajudam na suspeita inicial.

A importância do acompanhamento médico e exames laboratoriais

Suspeita de dengue não deve ser “auto-tratada” em casa sem avaliação profissional. O acompanhamento médico é fundamental por várias razões:

Exames que confirmam o diagnóstico

Testes sorológicos detectam anticorpos contra o vírus:

  • IgM: indica infecção recente
  • IgG: indica infecção passada ou reinfecção

NS1 antígeno: detecta proteína viral, positiva nos primeiros dias de doença.

PCR: identifica o material genético do vírus e pode determinar o sorotipo.

Hemograma completo: não confirma dengue mas mostra alterações características:

  • Leucopenia (diminuição dos glóbulos brancos)
  • Plaquetopenia (queda das plaquetas)
  • Hemoconcentração (aumento do hematócrito)

Monitoramento da evolução

O acompanhamento não é único – requer reavaliações periódicas:

Hemogramas seriados: verificar evolução das plaquetas e hematócrito a cada 24-48h durante a fase crítica.

Avaliação clínica: verificar sinais vitais, presença de sinais de alarme, estado de hidratação.

Ajuste de conduta: decidir se o tratamento pode continuar ambulatorial ou requer hospitalização.

Muitos casos de dengue grave poderiam ser evitados com acompanhamento adequado que identifica precocemente a deterioração clínica.

Quando a hospitalização é necessária

Nem todos os casos de dengue precisam de internação, mas algumas situações exigem:

Presença de sinais de alarme: qualquer um dos sinais mencionados anteriormente.

Grupos de risco:

  • Bebês e crianças pequenas
  • Idosos
  • Gestantes
  • Pessoas com comorbidades (diabetes, hipertensão, doenças cardíacas)

Plaquetas muito baixas: geralmente abaixo de 20.000-30.000/mm³.

Impossibilidade de hidratação oral adequada.

Instabilidade hemodinâmica: pressão arterial baixa, taquicardia.

Moradia distante de serviços de saúde ou condições sociais que dificultam retorno rápido em caso de piora.

A internação permite hidratação venosa, monitoramento contínuo e intervenção imediata se necessário.

Como aliviar os sintomas da dengue em casa

Para casos leves sem sinais de alarme, algumas medidas ajudam a passar melhor pela fase aguda:

Hidratação: o pilar fundamental

Beba líquidos abundantemente: água, água de coco, sucos naturais diluídos, chás, soro caseiro. O objetivo é ingerir pelo menos 2-3 litros por dia, mais se houver vômitos ou sudorese intensa.

Pequenos volumes frequentes: se náuseas dificultam grandes volumes, tome pequenos goles a cada 10-15 minutos.

Sinais de boa hidratação: urina clara e abundante, mucosas úmidas, ausência de sede intensa.

Controle da febre e dor

Use apenas paracetamol ou dipirona: respeite as doses e intervalos recomendados.

Evite absolutamente:

  • AAS (aspirina)
  • Anti-inflamatórios (ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida)
  • Estes medicamentos aumentam risco de sangramento

Compressas frias: ajudam a baixar a febre e proporcionam conforto.

Banhos mornos: podem aliviar temporariamente o desconforto febril.

Repouso e cuidados gerais

Repouse absoluto: seu corpo precisa de energia para combater a infecção.

Ambientes confortáveis: temperatura agradável, iluminação suave se houver fotofobia.

Alimentação leve: quando houver apetite, prefira alimentos de fácil digestão.

Proteja-se de mosquitos: use repelente e fique em ambientes telados. Você pode transmitir o vírus para outros mosquitos nos primeiros dias.

O que NÃO fazer

Não se automedique com medicamentos não prescritos.

Não ignore sinais de alarme achando que “vai passar”.

Não falte às reavaliações médicas agendadas.

Não faça esforços físicos durante a fase aguda.

Prevenção: evitando novos casos através do controle do vetor

Embora este artigo foque em sintomas, é impossível não mencionar que a melhor forma de evitar sintomas de dengue é prevenir a doença.

E a prevenção efetiva passa pela eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti:

Elimine água parada em qualquer recipiente: vasos, pneus, calhas, caixas d’água destampadas.

Faça vistorias semanais em sua residência e áreas externas.

Participe de ações comunitárias de mobilização contra a dengue.

Use ferramentas de monitoramento como o programa Techdengue (techdengue.com) que oferece informações em tempo real sobre níveis de risco em sua região, permitindo intensificar cuidados preventivos nos momentos mais críticos.

Para conhecer mais sobre estratégias de prevenção, confira nosso guia completo sobre dengue, onde detalhamos todas as formas de proteger você e sua comunidade.

Conclusão: conhecimento que protege e salva vidas

Reconhecer os sintomas da dengue não é apenas uma questão de curiosidade médica – é uma habilidade que pode salvar vidas. A diferença entre um caso que se resolve tranquilamente e um que evolui para complicações graves frequentemente está no reconhecimento precoce dos sinais de alarme.

Os sintomas da dengue são característicos: febre alta de início abrupto, dores corporais intensas, prostração marcante, manchas vermelhas na pele e manifestações gastrointestinais. Conhecer esse padrão permite suspeitar rapidamente da doença e buscar avaliação médica adequada.

Mas o conhecimento mais crítico é sobre os sinais de alarme: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos, alterações neurológicas e hipotensão. Estes sinais exigem atendimento médico urgente, pois indicam que a dengue está evoluindo para formas graves que requerem hospitalização e tratamento intensivo.

Não subestime a dengue. Não tente “aguentar” em casa sem acompanhamento. Não ignore sinais de alarme esperando que “vai melhorar”. A dengue é uma doença séria que mata milhares de pessoas anualmente no Brasil, mas a mortalidade pode ser drasticamente reduzida com reconhecimento precoce e tratamento adequado.

Compartilhe este conhecimento com familiares e amigos. Em períodos de transmissão intensa, saber identificar sintomas precocemente protege toda a comunidade.

A dengue é desafiadora, mas com informação de qualidade, vigilância adequada e ação rápida quando necessário, podemos minimizar seu impacto em nossas vidas.

Cuide-se, mantenha-se informado e não hesite em buscar ajuda médica diante da suspeita de dengue. Seu bem-estar e sua vida são preciosos demais para correrem riscos desnecessários.

Agente técnica operando drone para mapeamento no combate à dengue com fundo de mapa do Brasil. Techdengue.

Sobre nós

Um pouco da nossa história

Criado em 2016, o Techdengue já nasceu sendo uma solução completa voltada para o controle e combate às arboviroses. Tendo a a inovação e tecnologia como seus principais pilares, o produto evolui e cresce a cada ano, transformando o olhar da gestão de saúde pública e melhorando a qualidade de vida da população. Nossa solução já teve sua eficácia comprovada por mais de 400 municípios em âmbito nacional.

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