A dengue continua sendo um grande desafio de saúde pública no Brasil. Todos os anos, milhares de pessoas sofrem com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, aumentando significativamente o número de hospitalizações e óbitos.
Este cenário, porém, pode ser diferente quando adotadas medidas de carácter preventivo e até mesmo, ações mais eficazes nos períodos epidêmicos. Nesse contexto, a tecnologia se tornou uma aliada estratégica, e os drones estão entre os recursos mais promissores para apoiar gestores públicos e comunidades na luta contra o vetor.
Como funciona o uso de drones contra o Aedes aegypti
O programa Techdengue foi criado para tornar o combate à dengue mais eficaz por meio da inteligência geográfica. Com o apoio de drones, é possível enxergar do alto aquilo que muitas vezes passa despercebido no dia a dia dos agentes de combate às endemias: caixas d ‘água destampadas, pequenos acúmulos de água em lajes, dentre outras situações que podem se transformar em criadouros do Aedes aegypti.
O uso da tecnologia dos VANTS (veículos aéreos não tripulados) têm transformado a gestão de arboviroses com a realização de mapeamentos aéreos georreferenciados. Esse recurso traz rapidez ao processo de identificação de potenciais focos do mosquito, permitindo que as equipes de zoonoses tenham uma vantagem enorme frente às ações de controle e combate, pois conseguem agir com exatidão no local onde apresenta risco, prevenindo surtos antes mesmo que virem um problema maior.
Mas e a privacidade?
Um dos pontos que mais gera debate é a dúvida: “um drone sobrevoando minha casa não fere meu direito à privacidade?”.
A resposta é não! O objetivo da tecnologia não é vigiar a população, mas sim proteger as comunidade contra uma ameaça coletiva. Vale destacar que, o uso de drones para o combate a endemias, é regulamentado pelo Manual do Comando da Aeronáutica (MCA 56-3/2020), do Ministério da Defesa. Essa normativa deixa claro que, por se tratar de uma ação de saúde pública, não é necessária autorização prévia do morador para o sobrevoo. Ou seja: não há invasão de privacidade, mas sim a aplicação de uma lei que coloca a vida e a saúde da população em primeiro lugar.
Benefícios do combate à dengue com drones
Além de proteger vidas, a utilização de drones traz vantagens significativas:
1. Cobertura mais ampla em menos tempo
Os drones permitem identificar áreas de risco em grande escala, mapeando centenas de hectares com rapidez e precisão — um alcance que equipes em campo não conseguem atingir sozinhas.
2. Eficiência no uso de recursos públicos
Com dados estratégicos, as equipes são direcionadas exatamente para os pontos críticos, evitando deslocamentos desnecessários, reduzindo custos e aumentando o retorno sobre cada real investido.
3. Redução da exposição de agentes de campo
Os profissionais deixam de acessar locais de difícil alcance, como telhados, encostas ou terrenos abandonados, diminuindo riscos de acidentes e doenças ocupacionais.
4. Impacto direto na saúde pública
A tecnologia contribui para prevenir surtos, reduzir internações e aliviar a sobrecarga no sistema de saúde, garantindo resultados duradouros para toda a comunidade.
Privacidade x saúde: uma questão de prioridade
O debate sobre privacidade é legítimo, mas precisa ser contextualizado. O mosquito Aedes aegypti não conhece limites de muros ou portões. Um foco esquecido no quintal ou na laje de uma casa pode colocar toda a vizinhança em risco e diante de uma ameaça coletiva, a prioridade deve ser clara: preservar vidas.
Techdengue: Inovação a serviço das pessoas
O Techdengue não é apenas um programa isolado, ele faz parte de um esforço contínuo para modernizar as estratégias de saúde pública no Brasil.
Cada voo realizado representa a chance de evitar novos casos de dengue e proteger famílias inteiras. Mais do que uma solução tecnológica, trata-se de um compromisso social com a vida.A pergunta que fica não é “por que um drone sobrevoou minha casa?”, mas sim “quantas vidas esse voo ajudou a salvar?”
